sábado, 25 de fevereiro de 2012

Nanopartículas brasileiras: mineração, reciclagem e energia solar

Com informações da Agência USP - 06/02/2012
Nanopartículas brasileiras: mineração, reciclagem e energia solar
     "As nanopartículas aqui dentro valem mais do que se esse frasco fosse
       feito de ouro maciço," exemplifica o professor Toma.[Imagem: USP]


Nanopartículas na mineração
"O estudo de nanopartículas é uma ciência de fronteiras", garante o professor Henrique Eisi Toma, do Instituto de Química da USP.
O especialista trabalha há mais de 10 anos com nanotecnologia e afirma que as nanopartículas podem ser utilizadas pela mineração, indústria petroquímica, metalurgia e até para a geração de energia solar.
Mas o grupo de Toma está especialmente concentrado na utilização das nanopartículas no campo da exploração mineral.
Os pesquisadores estão trabalhando com nanopartículas feitas de magnetita, um material naturalmente magnético, mas que, quando na forma nanométrica, se torna um super-ímã.
"Hoje, quando se extrai cobre, é preciso jogar ácido ou bactérias no minério, para que saia um líquido contendo o cobre. Esse líquido vai para um tanque em que se jogam solventes, reagentes e extrai-se o cobre, que vai em seguida para uma câmara, onde recebe um potencial e torna-se metálico", descreve o professor.
Porém, com o uso de nanopartículas magnéticas, esse processo pode ser reduzido a uma única etapa.
"É possível colocá-las no minério de cobre para que grudem ao material, então se aplica um potencial e o cobre se torna, instantaneamente, metálico," explica.
O processo é chamado "nanohidrometalurgia magnética" e pode, segundo Toma, representar uma economia de milhões de reais anualmente.
Além disso, a preocupação ambiental também pode influenciar a adoção deste novo método na exploração de minerais: "No futuro, os processos envolvendo a queima de minérios será banida. Hoje buscam-se métodos brandos, em temperatura ambiente, que não poluam e que sejam cíclicos - e esse processo é perfeito."
Nanopartículas brasileiras: mineração, reciclagem e energia solar
Com as nanopartículas pode ser possível tornar o petróleo magnético e movimentá-lo, aumentando o rendimento dos poços. [Imagem: USP]
Petróleo magnético
Outra aplicação das nanopartículas no campo da mineração, e cujo estudo está se iniciando, é na área petrolífera.
Hoje, apenas uma parte do petróleo existente nas rochas porosas dos depósitos petrolíferos pode ser extraída.
"Mas com as nanopartículas pode ser possível tornar o petróleo magnético e movimentá-lo," prevê o pesquisador, que está estudando formas de literalmente puxar o petróleo para fora das rochas usando magnetismo.
Além disso, estas nanopartículas podem ser utilizadas para realizar separação de componentes químicos na indústria petrolífera.
"Pode-se separar os gases saturados dos insaturados com uma membrana. Os insaturados interagem com as nanopartículas e passam por ela, os saturados, não", declara o professor, acrescentando que este método é mais limpo e econômico que o atual.
"O processo de separação utilizado hoje necessita de uma torre enorme, gasta uma quantidade absurda de energia e polui muito o ambiente," diz ele. A pesquisa, realizada em conjunto com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), está patenteada pela Petrobrás e encontra-se em fase de testes-piloto.
Reciclagem magnética
Também é possível facilitar a reciclagem de materiais, como por exemplo, circuitos eletrônicos.
Nanopartículas brasileiras: mineração, reciclagem e energia solar
O grupo também está pesquisando o uso das nanopartículas na área de células solares orgânicas. [Imagem: Pedro Bolle/USP Imagens]
"Eles estão cheios de cobre e outros metais. Então é possível funcionalizar a partícula para atrair cada metal específico e depois retirá-los com um ímã," declara o professor.
Esta pesquisa já foi patenteada, e o professor busca agora empresas ligadas à metalurgia interessadas em financiar os avanços dos estudos.
O mesmo princípio poderá ser adotado na coleta de poluentes em lagos e rios, bastando para isso funcionalizar as moléculas para que elas se liguem aos poluentes que se deseja retirar.
Energia do futuro
O grupo de Toma também está realizando pesquisas na área de células solares orgânicas, utilizando nanopartículas de dióxido de titânio.
Com dois pequenos filetes de vidro pintados e colados, o professor criou uma célula solar que funcionou pelo período de um ano girando um pequeno ventilador.
"É uma conversão química de energia. Nós desenvolvemos o corante que capta a luz e injeta os elétrons, as porfirinas modificadas," conta o professor, que sonha em ter sua pesquisa indo além dos simples testes laboratoriais.
Para tanto, submeteu um grande projeto para buscar financiamento de empresas. "Nós queremos transformar todas as janelas em dispositivos de captação de energia. Essa pode ser a energia do futuro," declara.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

US$10 milhões para quem inventar um tricorder

US$10 milhões para quem inventar um tricorder

Com informações da BBC - 17/01/2012
US$10 milhões de prêmio para quem inventar um tricorder
O primeiro tricorder antecipava, em 1966, os então ultramodernos gravadores de fita cassete. [Imagem: Cortesia CBS Studios Inc.]
Métricas da saúde
Um prêmio de US$ 10 milhões (R$ 18 milhões) está à espera de quem consiga criar um "tricorder" médico, um aparelho de diagnóstico similar ao usado pelo Dr. McCoy, da série Jornada nas Estrelas.
O Qualcomm Tricorder X Prize está desafiando cientistas e engenheiros a construir uma ferramenta capaz de capturar "as métricas-chave da saúde e diagnosticar um conjunto de 15 doenças".
Ele precisa ser leve o suficiente para que os candidatos a Dr. McCoy possam levá-lo a tiracolo - um peso máximo de 2,2 kg.
De acordo com o manual técnico oficial de Jornada nas Estrelas, um tricorder é um "aparelho portátil de sensoriamento, computação e comunicações de dados".
O aparelho capturou a imaginação de milhões de espectadores do filme quando foi usado pela primeira vez na primeira transmissão da série, em 1966.
No episódio, que ocorria no século 23, o médico da equipe usou o tricorder para diagnosticar uma doença simplesmente fazendo uma varredura do corpo de uma pessoa.
Fato científico
Os organizadores do prêmio esperam que o enorme quantia em dinheiro possa inspirar os engenheiros de hoje a descobrir o segredo do gadget sci-fi, e "fazer a ficção científica do século 23 virar uma realidade para os médicos do século 21".
"Eu provavelmente sou o primeiro cara que que ficaria feliz em perder US$ 10 milhões", brincou o presidente da X Prize Foundation, Peter Diamandis.
Enquanto o tricorder ainda é coisa de ficção científica, outros prêmios X Prizes já se tornaram fato científico.
Em 2004, o Ansari X Prize para uma espaçonave reutilizável privada foi concedido à equipe que construiu a nave SpaceShipOne.
Grande parte da tecnologia desenvolvida para ganhar o prêmio foi posteriormente utilizado pela Virgin Galactic, uma das parceiras da NASA na nova era de exploração espacial privada.
Saúde wireless
Ao comentar o prêmio, o professor Jeremy Nicholson, chefe do departamento de cirurgia e câncer no Imperial College de Londres, afirma não acreditar que alguém possa ganhar os US$10 milhões em um futuro próximo.
"Os desafios são: o que você vai detectar, quais são as amostras que você pode colher e como juntar tudo em um único aparelho?", afirmou.
Mesmo se o aparelho puder ser construído, continuou ele, os testes e a obtenção da aprovação para uso médico podem levar muito mais tempo.
Mas o Sr. Diamandis, aquele que ficaria feliz em pagar o prêmio, afirma que o simples fato de o prêmio existir poderia transformar o setor de saúde.
"Não é uma solução pontual. O que estamos procurando é o lançamento de uma nova indústria", disse ele.
"O tricorder que foi usada por Spock e Bones inspira uma visão de como a saúde será no futuro. Ela será sem fio, móvel e minimamente ou não-invasiva," prevê Diamandis.
Se serve como consolo para aqueles que pensam em ganhar o prêmio, pelo menos uma característica do tricorder de Jornada nas Estrelas não precisará estar presente.
"Nós não temos uma exigência de que o aparelhinho faça um zumbido," brincou Diamandis.