quinta-feira, 14 de julho de 2011

Sinapse artificial memoriza e esquece como o cérebro.

Redação do Site Inovação Tecnológica - 14/07/2011
Circuito sináptico memoriza e esquece como o cérebro
Há anos os cientistas tentam emular o cérebro por meio de software. Mas um grupo de cientistas japoneses está adotando uma abordagem de hardware. [Imagem: ASU/Jamie Tyler]
Emulando o cérebro
Um grupo de pesquisadores japoneses desenvolveu um circuito eletrônico que imita o sistema de memorização e esquecimento que caracteriza o aprendizado do cérebro humano.
O "circuito sináptico" - um dispositivo totalmente de hardware - reproduz de forma totalmente autônoma dois fenômenos que são marcas registradas da atividade neural do cérebro: a memorização das informações necessárias e o esquecimento das informações desnecessárias.
Acredita-se que a memória seja o resultado de dois tipos de plasticidade sináptica: a plasticidade de curto prazo e a potenciação de longo prazo. Só os registros mais importantes - e, portanto, mais fortes ou mais intensos - passariam ao registro definitivo.
Os cientistas tentam há anos reproduzir esse comportamento neural do aprendizado, dentro do campo conhecido como engenharia neuromórfica.
Isso vem sendo tentado principalmente por meio de software, o que não é uma tarefa fácil devido à complexidade das interconexões verificadas nos processos neurais que dão sustentação ao pensamento.
Mas Takeo Ohno e seus colegas do Instituto Nacional de Ciência dos Materiais, no Japão, decidiram adotar uma abordagem de hardware.
Circuito sináptico memoriza e esquece como o cérebro
A chave atômica tem sua condutância reforçada pela intensidade dos estímulos. Um ou poucos estímulos geram uma memória de curto prazo (STP). O reforço dos estímulos leva a uma memória de longo prazo (LTP). [Imagem: Ohno et al./Nature Materials]
Circuito sináptico
O circuito sináptico é essencialmente uma chave atômica de lacuna - onde a lacuna se refere a uma minúscula distância entre dois eletrodos -, que funciona como um memristor.
O componente é formado por um eletrodo de prata, recoberto com sulfeto de prata (Ag2S), e um contra-eletrodo de platina, com uma separação de um nanômetro entre eles - portanto, um componente totalmente inorgânico.
Seu funcionamento se dá pela formação e destruição de uma "ponte", formada por um átomo de prata, que se coloca entre os dois eletrodos. A ponte é construída e destruída controlando-se a reação eletroquímica (uma reação de estado sólido) do condutor híbrido iônico/eletrônico, ou eletroiônico, o sulfeto de prata.
A chave atômica tem dois estados de condutância: o primeiro é produzido por um sinal fraco, o que faz com que esse estado se degrade rapidamente; o outro é gerado por um sinal mais forte, o que exige um outro sinal igualmente forte que o anule.
Circuito sináptico memoriza e esquece como o cérebro
Modelo de memória do circuito sináptico. Uma
alta taxa de repetição da informação forma uma memória de longo prazo (linha vermelha), enquanto poucas repetiçõesformam memórias de curto prazo (linha azul), que logo desaparecem. A intensidade da lembrança praticamente não muda nas primeiras inserções, de forma equivalente ao que ocorre com a memória sensorial. [Imagem: NIMS]
Circuito neural artificial
Usando o movimento dos íons, os pesquisadores conseguem controlar essa ponte metálica entre os eletrodos.
Isso porque o movimento dos íons depende da frequência de entrada do estímulo elétrico - que representa o "aprendizado". Em outras palavras, eles conseguem controlar a intensidade da conexão sináptica do seu circuito neural artificial.
Na prática, o circuito sináptico ajusta sua própria "força" (ou intensidade) de acordo com a frequência da estimulação elétrica - o estímulo intermitente causa um decaimento espontâneo do nível de condutância da sinapse inorgânica quando ela opera em níveis críticos de tensão.
No circuito, essa frequência do estímulo nada mais é do que a frequência de uma corrente elétrica.
Contudo, vista sob o ponto de vista de um emulador de um circuito neural, essa frequência representa a quantidade de vezes que o "cérebro artificial" esteve exposto a um aprendizado em particular.
Ou seja, quando maior a frequência, maior será a fixação do material "aprendido".
Circuito sináptico memoriza e esquece como o cérebro
O padrão repetido acaba sendo gravado na matriz de memória, mesmo quando ele está disperso em um padrão mais complexo. [Imagem: Ohno et al./Nature Materials]
Aprendizado de máquina
No experimento, os pesquisadores construíram uma matriz de 7 x 7 pontos - pense neles como os pixels de uma tela - cada um contendo sua própria sinapse artificial.
Os valores inseridos poucas vezes - com baixa frequência - somem rapidamente da tela. O circuito sináptico se "esquece" deles porque, não sendo repetidos uma quantidade de vezes suficiente, eles não devem ser importantes.
Mas aqueles que são repetidos várias vezes logo permanecem gravados, imitando o aprendizado por repetição - o que os pesquisadores chamam de "lembrar-se do que é importante".
Ao contrário da sinapse sintética construída com nanotubos de carbono, esta emula a memorização em um dispositivo de hardware único e muito simples, e sem a necessidade de qualquer programação externa.
Além disso, outros experimentos têm resultado em sinapses artificiais que só funcionam para o fim específico para a qual foram projetadas - ao contrário da flexibilidade do "aprendizado" demonstrado agora.
Computadores inspirados em cérebros
Como o novo circuito sináptico permite a realização de diversas operações sem qualquer programação prévia, os cientistas acreditam que ele é um passo importante para a construção de sistemas de inteligência artificial capazes de aprender com o uso, de forma similar aos humanos.
"Os elementos sinápticos inorgânicos são funcionalmente adequados para o projeto de sistemas neurais que possam funcionar sem a necessidade dos softwares de difícil escalabilidade e da pré-programação atualmente empregada nos sistemas de redes neurais, com claro potencial para [a construção de um] hardware apropriado para os sistemas inteligentes físicos e artificiais," escrevem os pesquisadores.
Mas computadores que repliquem de fato o cérebro ainda dependerão de progressos futuros.
Por exemplo, embora o comportamento de memristor da chave atômica tenha ele próprio uma memória, "lembrando-se" da última corrente que o atravessou, os pesquisadores não conseguiram demonstrar uma correlação entre o tempo e a memória registrada no dispositivo.
Ou seja, várias entradas iguais ao longo do tempo não reforçam o "aprendizado", o que é uma característica da neuroplasticidade.
Esses computadores inspirados em cérebros biológicos são vistos como uma das saídas para superar o atual paradigma da computação baseada em transistores eletrônicos.
Bibliografia:

Short-term plasticity and long-term potentiation mimicked in single inorganic synapses
Takeo Ohno, Tsuyoshi Hasegawa, Tohru Tsuruoka, Kazuya Terabe, James K. Gimzewski, Masakazu Aono
Nature Materials
Vol.: Published online
DOI: 10.1038/nmat3054

terça-feira, 12 de julho de 2011

Laser de nanofios pode matar vírus e melhorar DVDs

Redação do Site Inovação Tecnológica - 07/07/2011
Laser de nanofios pode matar vírus e melhorar DVDs
O laser de nanofio emite luz laser a partir de suas extremidades, o que o torna altamente direcional.[Imagem: Nicolle Rager Fuller/NSF]
O resultado é uma nova tecnologia de laser de nanofios que potencialmente pode fazer quase tudo, de matar vírus até aumentar a capacidade dos DVDs e outros discos ópticos de armazenamento de dados.
Lasers semicondutores
Os diodos laser semicondutores, que emitem luz na faixa do ultravioleta, são amplamente utilizados em processamento de dados, no armazenamento de informações e na biologia.
Suas aplicações só não são mais amplas porque eles custam caro e são grandes.
A equipe do professor Jianlin Liu agora descobriu como substituir o nitreto de gálio - o semicondutor usado nos lasers atuais - por nanofios de óxido de zinco, que são menores, mais baratos e emitem luz com maior potência e com comprimentos de onda mais curtos.
Os nanofios de óxido de zinco têm sido usados principalmente na fabricação de nanogeradores.
Nanofio tipo P
Até agora não tinha sido possível usar os nanofios de óxido de zinco na emissão de luz por falta de um tipo P, ou tipo positivo.
Todos os componentes semicondutores exigem um tipo P e um tipo N (negativo), em que um material tem excesso de elétrons (negativo) e o outro tem excesso de lacunas (positivo).
Laser de nanofios pode matar vírus e melhorar DVDs
Juntando os materiais, os pesquisadores criaram um nanofio que é um diodo, a chamada junção p-n. [Imagem: Chu et al./Nature Nanotechnology]
Liu e sua equipe resolveram o problema dopando os nanofios de óxido de zinco com antimônio, um elemento metalóide, criando assim o nanofio tipo-P.
Juntando os materiais, os pesquisadores criaram um nanofio que é um diodo, a chamada junção p-n.
Laser de nanofio
Quando alimentado por uma bateria, o nanofio emite luz laser a partir de suas extremidades, o que o torna altamente direcional.
Os lasers de nanofios podem ser usados para ler e escrever dados com uma densidade muito superior à dos discos ópticos atuais porque a luz ultravioleta tem um comprimento de onda menor do que a luz de outras cores, como o vermelho.
Segundo o pesquisador, só a troca do laser pode multiplicar até por quatro vezes a capacidade de armazenamento de um DVD.
No campo da fotônica, a luz ultravioleta permite o processamento e a transmissão de dados em velocidades maiores.
Quando totalmente desenvolvidos, os minúsculos lasers de nanofios poderão ajudar a criar uma tecnologia de comunicação sem fios ultravioleta, que tem potencial para ser muito superior à tecnologia de comunicação por infravermelho, largamente usada hoje.
No campo da biologia e da medicina, o laser ultra-miniaturizado pode penetrar em uma célula viva, por exemplo, induzindo alterações funcionais, e também no nascente campo da optogenética.
Bibliografia:

Electrically pumped waveguide lasing from ZnO nanowires
Sheng Chu, Guoping Wang, Weihang Zhou, Yuqing Lin, Leonid Chernyak, Jianze Zhao, Jieying Kong,, Lin Li, Jingjian Ren, Jianlin Liu
Nature Nanotechnology
03 July 2011
Vol.: Published online
DOI: 10.1038/nnano.2011.97
Pesquisadores da Universidade da Califórnia, juntaram uma das maravilhas da nanotecnologia, osnanofios, com os lasers de semicondutores.

domingo, 10 de julho de 2011

Nova técnica deixa tecidos à prova de germes permanentemente

Redação do Site Inovação Tecnológica - 07/07/2011
Material fotoquímico torna tecidos à prova de germes permanentemente
Segundo o inventor do novo material, a técnica poderá permitir a fabricação de meias à prova de chulé.[Imagem: Dhende et al./ACS]
Um pesquisador norte-americano inventou uma nova tecnologia que permite tornar à prova de germes e bactérias as roupas e outros artefatos de tecido usados em hospitais
A descoberta pode mudar a forma como são fabricados lençóis e roupas médicas, máscaras de rosto, toalhas de papel e até mesmo fraldas, roupas íntimas e roupas esportivas.
Segundo Jason Locklin, da Universidade da Geórgia, a tecnologia poderá permitir até mesmo a fabricação de meias à prova de chulé.
Processo fotoquímico
O tratamento antimicrobiano inventado por Locklin efetivamente mata um amplo espectro de bactérias, bolores e leveduras que podem causar doenças, criar manchas e produzir odores.
A tecnologia, que o pesquisador garante ser simples e barata, funciona em materiais naturais e sintéticos. A tecnologia pode ser aplicada durante o processo de fabricação ou em casa, e não sai na lavagem.
Ao contrário dos materiais antimicrobianos tradicionais, geralmente à base de prata ou de dióxido de titânio, os pesquisadores usaram copolímeros (N-alquil e benzofenona contendo polietileniminas).
O aspecto "permanente" da proteção ocorre porque esses copolímeros unem-se às fibras dos tecidos por meio de ligações covalentes carbono-hidrogênio.
Ao contrário de outras tecnologias antimicrobianas, não são necessárias reaplicações para manter a eficácia do novo material fotoquímico. A aplicação pode ser feita durante o processo de fabricação ou mesmo em roupas já prontas.
O processo funciona tanto em tecidos sintéticos quanto em tecidos feitos com fibras naturais.
Material antimicrobiano
Locklin afirmou que o material antimicrobiano usado em sua técnica foi testado contra os patógenos mais comuns em ambientes de saúde, incluindo estafilococos, estreptococos, E. coli, pseudomonas e acetinobactéria.
Depois de uma única aplicação, os tecidos ficaram imunes aos patógenos - nenhum crescimento bacteriano foi observado nas amostras colocadas sobre as culturas bacterianas depois de 24 horas, a 37 graus Celsius.
Além disso, nos testes, o tratamento ficou totalmente ativo após vários ciclos de lavanderia sob água quente, demonstrando que o antibacteriano não escapa dos tecidos, mesmo sob condições adversas.
Bibliografia:

One-Step Photochemical Synthesis of Permanent, Nonleaching, Ultrathin Antimicrobial Coatings for Textiles and Plastics
Vikram P Dhende, Satyabrata Samanta, David M Jones, Ian R. Hardin, Jason Locklin
Applied Materials & Interfaces
June 21, 2011
Vol.: Published online before print
DOI: 10.1021/am200324f
Meia à prova de chulé