segunda-feira, 18 de abril de 2011

Microfoguete navega pelo sangue e captura células doentes
Redação do Site Inovação Tecnológica - 15/04/2011

O microfoguete é revestido com anticorpos (as estruturas em Y) que aderem a proteínas presentes na superfície das células de câncer (em azul). [Imagem: Balasubramanian et al.]

Viagem fantástica espacial


Um submarino microscópico capaz de navegar no interior do corpo humano é uma situação que a ficção científica já se incumbiu de tornar familiar para a maior parte das pessoas.

Ainda que tal possibilidade esteja longe de se realizar, pesquisadores resolveram avançar um pouco mais no conceito e adotar uma alternativa mais afeita à "era espacial".

Os cientistas construíram um microfoguete capaz de se mover em alta velocidade no interior de fluidos biológicos, como o sangue.

Mais do que isso: o corpo do microfoguete pode ser ajustado para capturar células de diferentes tipos de câncer que estejam presentes na amostra de sangue.

Microfoguete rastreador de células


O microfoguete é revestido com anticorpos que aderem a proteínas presentes na superfície das células de câncer.

Esses anticorpos são selecionados de acordo com a proteína que devem alvejar, o que torna o conceito uma ferramenta altamente seletiva, capaz de procurar por doenças específicas.

Para biocompatibilidade, evitando-se qualquer tipo de contaminação, toda a parte externa do microfoguete é feita de ouro.

O combustível usado é o peróxido de hidrogênio. Um revestimento de platina no interior do microfoguete serve como catalisador para quebrar as moléculas do peróxido de hidrogênio em água e oxigênio - o microfoguete é empurrado para a frente quando o oxigênio escapa pelo seu bocal.

Entre o revestimento interno de platina e o corpo externo de ouro, há uma camada de ferro, que permite que os pesquisadores dirijam o microfoguete usando um campo magnético externo.





Imagem do foguete e seu rastro ao mover-se no interior de uma solução salina. [Imagem: Balasubramanian et al.]

Microrrobô


O microfoguete foi idealizado por Samuel Sanchez e seus colegas do Instituto Leibniz, na Alemanha.

A equipe de Joseph Wang, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, testou-o como caçador de células cancerosas, dando-lhe uma funcionalidade que o transforma numa espécie de microrrobô.

O pequeno foguete foi testado em solução salina e no soro de sangue humano, equipado para anticorpos para detectar células de três tipos de câncer - gástrico, colorretal e pancreático.

O microrrobô apresentou uma eficiência de 70%, mostrando-se capaz de continuar a se mover, embora mais lentamente, mesmo depois de capturar suas células-alvo.

Por enquanto, o microrrobô se mostra promissor para a análise de amostras de sangue ou outros fluidos humanos - como seu combustível, o peróxido de hidrogênio, deve ser adicionado ao fluido onde ele deve navegar, não seria possível seu uso diretamente no interior de um ser vivo.

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